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sábado, 24 de julho de 2010

Mecanismo de Locomoção dos musgos



Retirado de http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/atirando+para+o+alto+para+sobreviver/n1237725618865.html




Sequência em alta velocidade mostra os musgos "cuspindo" seus esporos a 72 km/h

Eles cobrem cerca de 1% da superfície da Terra, muitas vezes em longos tapetes esverdeados, mas poucas vezes olhamos para eles. Afinal o musgo é uma planta tão comum que teoricamente não teríamos porque prestar atenção nela. Tão comum que nenhum outro gênero de planta tem potencial tão grande para armazenar carbono como ela. O detalhe é que para continuar a ajudar a humanidade – consumindo o carbono gerada por ela – as cerca de 235 espécies de musgo pertencentes ao gênero Sphagnum, como qualquer outro ser vivo, precisam se reproduzir para sobreviver.

O que pode parecer banal à primeira olhada (a sobrevivência) se revelou um mecanismo muito complexo: a geração de vórtices, descobriram os pesquisadores Dwight Whitaker, do Pomona College, e Joan Edwards, do Williams College, nos Estados Unidos. "Ficamos muito surpresos com o fato de um musgo tão pequeno e com um corpo tão simples ter desenvolvido um mecanismo tão sofisticado e elegante para espalhar seus esporos", disseram Dwight e Joan ao iG, que publicaram suas descobertas na edição desta semana da revista científica Science.


Musgos do gênero Sphagnum na natureza: mecanismo complexo

Usado por animais como a lula e a medusa para se locomover na água, a criação de vórtices pelos musgos segue o mesmo princípio em um meio diferente, o ar. Em vez de se locomover, eles atiram aos céus seus esporos para serem levados longe pelo vento – uma característica fundamental para a sobrevivência deste gênero (os vórtices podem ser enxergados visualmente por formar uma figura similar à do cogumelo).

Para conseguir ser alçado à altura necessária – de 10 a 20 centímetros acima do nível do solo – os esporos precisam ser literalmente cuspidos pelo musgo para cima à velocidade estonteante de 20 metros/segundo (72 km/h). Basicamente uma pistola de ar. E tudo isso em no tempo de 0,2 segundos, uma velocidade ultra rápida capaz de ser observada apenas por câmeras de vídeos que gravam de 1000 a 10000 frames por segundo.




Segredo: um dia de sol
O segredo do musgo para alcançar a altura necessária à sua sobrevivência está na engenhoca criada por ele para fazer o lançamento à distância. É preciso que tudo esteja no seu devido lugar. Primeiro, uma cápsula (bulbo) com 20 a 250 mil esporos em sua parte superior e ar na parte media e inferior. Segundo: um dia ensolarado. "Em dias de sol, a cápsula desidrata e as células da epiderme dela começam a se desmanchar, fazendo com que a cápsula mude de um formato esférico para cilíndrico e aumente a pressão interna, até que a cápsula estoure, jogando o ar e os esporos verticalmente", explicam os pesquisadores no artigo.

Mas isto não seria suficiente para levar os esporos às alturas. Aí, entra o vórtice que ajuda a empurrar os esporos para cima com seu movimento em espiral e dissemina os genes dos musgos pelo planeta. Agora os motivos que levaram os pesquisadores à escolher o gênero Sphagnum vão alem da importância na captura do carbono. "De uma perspectiva mais prática também escolhemos o Sphagnum porque havia um brejo onde ele crescia naturalmente perto do nosso laboratório em Williamstown (EUA)", completam os pesquisadores.

domingo, 4 de julho de 2010

Artigo Científico 4

Retirado de SUPERINTERESSANTE

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Evolução

Graças a um vírus, você não bota ovos

Há 120 milhões de anos, os ancestrais dos mamíferos foram infectados por um micróbio. Mas, em vez de provocar doença, o invasor mudou a embalagem dos bebês.

Se um médico lhe dissesse que o seu corpo está infestado por um tipo de vírus chamado ERV, parente do causador da Aids, o HIV, você certamente entraria em pânico. Pois está, mas relaxe. Micróbios desse tipo são habitantes permanentes das células de todos os mamíferos — das suas também. São eles que ajudam a formar a placenta, a membrana que protege o bebê na barriga da mãe. Os ERVs carregam proteínas que estimulam a fusão de algumas células do embrião, e é isso que leva à formação do envoltório protetor.

Agora o patologista sueco Erik Larsson, da Universidade de Uppsala, está dizendo que foi o ERV o responsável pelo desenvolvimento da placenta nos mamíferos. Pela teoria, os primeiros animais desse grupo gestavam seus filhotes como os répteis, que protegem as crias dentro de ovos. Só que, um dia, eles foram infectados pelo vírus e criaram a placenta. Sem ela, o filhote não poderia ser gestado dentro do organismo materno. "Isso só é possível porque a placenta resguarda o embrião contra o ataque das células de defesa que estão no sangue materno", declarou Larsson à SUPER.

1. Pela teoria, o vírus ERV invadiu o organismo de ancestrais dos mamíferos e transferiu seus genes para o núcleo das células hospedeiras.

2. Hoje, os genes do ERV fazem parte do DNA humano. Ficam adormecidos a maior parte do tempo. Quando o embrião começa a se desenvolver, os genes do parasita fabricam uma proteína que vai para a membrana celular.

3. Nos locais em que há proteína viral, a membrana de uma célula gruda na de células vizinhas.

4. A fusão das células faz com que ela se transforme em uma parede hermeticamente fechada. Essa barreira, na placenta, impede que o embrião receba o sangue da mãe e seja atacado pelos anticorpos dela.

Artigo Científico 3

Retirado de SUPERINTERESSANTE

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Água do mar não limpa ninguém

Por que o sabonete não funciona direito com água salgada?

Por mais que se esfregue, não adianta. A sujeira, que é composta em grande parte de gordura, só vai embora quando o sabonete é usado com água pura, sem sal. "Isso porque os sabões funcionam como uma ponte, unindo as moléculas de gordura às de água, que leva tudo ralo abaixo", explica o químico Atílio Vanin, da Universidade de São Paulo. Na água salgada, existem substâncias, como cálcio e magnésio, que bagunçam tudo: elas reagem com o sabão impedindo que ele grude na água. Assim, a ponte não consegue se formar e a sujeira não sai de enxurrada. Quanto mais sais, menor a eficiência da limpeza. Banho higiênico, mesmo, é o de chuveiro.

A molécula de sabão liga-se às moléculas de gordura presentes na sujeira.

Ao se unir, também, às moléculas d’água, o sabão carrega a gordura com um bom enxágüe.

Na água salgada, os átomos de cálcio e magnésio se encaixam no sabão e impedem sua associação com a água. Aí, a sujeira não sai.

Artigo Científico 2

Retirado de SUPERINTERESSANTE

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Kerguelen

O continente afogado

Uma equipe internacional de pesquisadores descobre que um grande planalto submerso, o Kerguelen, entre a Austrália e a África, já foi um continente de verdade, povoado por dinossauros e samambaias.

Por Ivonete D. Lucírio

Era um belo pedaço de terra no extremo sul do Oceano Índico. Tinha uns 2 milhões de quilômetros quadrados, um pouco menos que o território da Argentina. A vegetação verde e os rios eram ideais para dinossauros. Seria um paraíso se não fossem os vulcões que jorravam toneladas de lava, cobriam a região de névoa e gases e alteravam sua geografia. Três catástrofes vulcânicas fizeram emergir rochas de diferentes eras geológicas, a primeira há 110 milhões de anos, depois há 83 milhões e, finalmente, há 40 milhões de anos.

Veio, então, a calmaria e, com ela, o fim. Eram os jorros de lava, subindo das entranhas da terra, que sustentavam a plataforma continental acima do nível do mar. Sem eles, há 20 milhões de anos, a crosta esfriou e se contraiu, levando o continente inteiro para debaixo d’água. Adeus. Passaram-se muitos milênios. Só em fevereiro passado, afinal, os cientistas do navio americano Joides Resolution descobriram a história de Kerguelen.

Um passado escrito por pólen e lascas de madeira

As ondas chegavam a 15 metros de altura em fevereiro, no sul do Oceano Índico. Os pesquisadores do Joides Resolution passaram um mau bocado para manter a estabilidade do navio e lançar sua broca até o fundo, 1 quilômetro abaixo. Desde 1984, o barco vasculha oceanos coletando amostras do chão para o Programa de Escavação dos Oceanos, um projeto de pesquisa mantido por dez universidades e instituições norte-americanas e canadenses e dezenas de outras de quinze países da Europa, mais Japão, China, Coréia do Sul e Austrália. O navio abriga 28 cientistas e sete andares de laboratórios e dispõe de uma broca capaz de perfurar até a 9 quilômetros de profundidade. Já participou de oitenta expedições e fez mais de 1 400 perfurações.

O Planalto de Kerguelen estava na mira dos cientistas da Universidade do Texas desde 1980, mas a chegada do Joides Resolution acelerou a investigação. Na primeira escavação a broca puxou pedaços de rocha de 9 metros de comprimento. Foram feitas dezenas de perfurações. Em sete amostras encontraram-se pólen e lascas de madeira. "Descobrimos que Kerguelen, com certeza, já tinha estado fora d’água", relata a geofísica Katherine Ellins. "O pólen das samambaias e os pedaços de árvores misturados aos sedimentos provam isso."

Missão de varredura

Ao todo, foram sessenta dias em alto-mar. "Enfrentamos frio, geleiras e tempestade de neve", conta o geólogo Fred Frey, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. "O único alívio eram as instalações de pesquisa das ilhas McDonald e Heard, dois raros pontos do planalto Kerguelen ainda emersos", lembra-se ele. "Mas eram inóspitas."

Quando a análise dos sedimentos acabou, tornou-se claro que o continente servira de ponte para espécies animais que migraram entre o sul da Ásia, a África e a Austrália, como alguns tipos de dinossauros. Kerguelen começou a se erguer depois que esses continentes — que até há 110 milhões de anos estavam unidos em um bloco — se afastaram uns dos outros. "A descoberta é importante para a Paleontologia, para a Geologia, para a Zoologia e diversas ciências", diz Katherine Ellins. Mas os estudos apenas começaram. Os dados ainda terão de ser investigados e analisados durante muitos meses.

Enquanto isso, o Joides Resolution mudou de endereço, para alegria dos pesquisadores. Agora, o barco está na costa norte do Japão, estudando os terremotos submarinos da região. Pelo menos, não faz tanto frio.

Para saber mais

NA INTERNET: www.ig.utexas.edu

Há 70 milhões de anos

O fogo

Havia muitos vulcões. As erupções constantes lançavam gases, como dióxido de carbono, e vapores d’água na atmosfera.

As águas

Havia vários cursos de água doce. Um deles descia de uma grande montanha.

O verde

A vegetação era formada por samambaias e coníferas, como pinheiros. A prova são os resíduos de pólen e os pedaços de tronco localizados pelos pesquisadores.

Os animais

Não foram encontrados vestígios de bichos. Mas acredita-se que o continente era habitado por espécies da Austrália e da África, como o multituberculado, um mamífero extinto, e dinossauros.

Hoje

O fundo

Hoje, a massa de terra submersa está no leito sul do Oceano Índico, a uma profundidade que varia de 1 a 2,5 quilômetros. A temperatura lá embaixo é de cerca de 4 graus Celsius e pouco mais de 20 graus Celsius na superfície.

O continente faz parte do chamado Planalto Kerguelen, uma plataforma submarina de 2 milhões de quilômetros quadrados. 1. Pluma fervendo

Uma massa de rochas quentes vindas da parte mais baixa do manto terrestre, a pluma, subiu até a crosta, rompendo-a. Formou-se um vulcão. Em contato com a água, a lava resfriou rapidamente, constituindo a parte mais antiga do continente.

2. Viagem para o sul

O pedaço de crosta sobre a qual o continente se apoiava não estava parado. Deslizava sobre a pluma na direção sul. Assim, a emersão de lava fez surgir vulcões em outras regiões, mais ao norte. O continente aumentou de tamanho.

3. Esfriou e afundou

A viagem da crosta para o sul continuou. Mas, agora, a força da pluma era menor. Sem fonte de calor, as rochas da base resfriaram e se contraíram. O continente desceu.

4. De volta à tona

Em fevereiro, o Joides Resolution arrancou do fundo do mar pedaços de rocha e sedimentos (à esquerda) do Planalto Kerguelen. Neles descobriram-se restos de pólen e madeira. Prova de que o continente já esteve na superfície.







Imagens: